O dia em que Lula se entregou à PF e foi preso para cumprir pena por corrupção e lavagem de dinheiro



No dia 7 de abril de 2018, o Brasil e o mundo acompanharam um dos momentos mais marcantes da história política recente do país: a prisão do ex-presidente Luiz InÑcio Lula da Silva, condenado em segunda instÒncia pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do GuarujÑ.

Lula, que governou o Brasil por dois mandatos consecutivos entre 2003 e 2010, e que liderava as pesquisas de intenção de voto para as eleiçáes presidenciais de 2018, se tornou o primeiro ex-presidente brasileiro a ser preso por crimes comuns.

A prisão de Lula foi determinada pelo juiz federal Sérgio Moro, responsÑvel pela Operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionÑrio de desvios de recursos públicos envolvendo políticos, empresÑrios e partidos. Moro expediu o mandado de prisão na quinta-feira, 5 de abril, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) negar um habeas corpus preventivo solicitado pela defesa de Lula.

Moro deu um prazo atΓ© as 17h da sexta-feira, 6 de abril, para que Lula se apresentasse voluntariamente Γ  PolΓ­cia Federal em Curitiba, onde ficaria detido em uma sala especial na SuperintendΓͺncia da PF. No entanto, Lula decidiu nΓ£o se entregar e permaneceu na sede do Sindicato dos MetalΓΊrgicos do ABC, em SΓ£o Bernardo do Campo (SP), onde recebeu o apoio de milhares de militantes, lideranΓ§as polΓ­ticas e personalidades.

Durante os dois dias em que ficou no sindicato, Lula fez discursos inflamados em que criticou a sua condenação, que considerou injusta e sem provas, e afirmou que era vítima de uma perseguição política para impedir a sua candidatura. Ele também defendeu o seu legado à frente do governo e as conquistas sociais dos seus programas.

No sΓ‘bado, 7 de abril, Lula participou de uma missa em homenagem Γ  sua esposa Marisa LetΓ­cia, que faleceu em fevereiro de 2017 e que faria aniversΓ‘rio naquele dia. ApΓ³s a cerimΓ΄nia religiosa, ele anunciou que iria se entregar Γ  PF para cumprir o mandado de prisΓ£o. Ele disse que nΓ£o tinha medo e que iria provar a sua inocΓͺncia.

Lula saiu a pΓ© do sindicato Γ s 18h42 e caminhou atΓ© um prΓ©dio prΓ³ximo, onde equipes da PF o aguardavam. Ele entrou no carro da PF Γ s 18h47. A saΓ­da teve de ser feita dessa maneira porque, Γ s 17h, Lula tentou sair de carro, mas foi impedido pela militΓ’ncia.

O comboio seguiu por vias de SΓ£o Bernardo e de SΓ£o Paulo atΓ© a SuperintendΓͺncia da PF na Lapa, onde chegou Γ s 19h44. Manifestantes a favor e contra a prisΓ£o o aguardavam. Os veΓ­culos entraram normalmente. Manifestantes a favor da prisΓ£o correram em direção ao carro onde o ex-presidente estava e o xingaram. Depois que o comboio entrou, os grupos prΓ³ e contra prisΓ£o trocaram ofensas e empurrΓ΅es.

De acordo com a PF, Lula foi atendido por mΓ©dicos do Instituto MΓ©dico-Legal de SΓ£o Paulo, que realizaram o exame de corpo de delito. Γ€s 20h05, o ex-presidente entrou num helicΓ³ptero da PolΓ­cia Militar que seguiu em direção ao Aeroporto de Congonhas. A aeronave pousou Γ s 20h22.

Lula entrou num aviΓ£o monomotor turboΓ©lice da prΓ³pria PF. A aeronave decolou Γ s 20h46 e chegou a Curitiba Γ s 22h01. Do aeroporto atΓ© a sede da PF na capital paranaense.

A prisΓ£o de Lula foi considerada um marco na histΓ³ria polΓ­tica do Brasil, jΓ‘ que ele foi o primeiro presidente da RepΓΊblica a ser preso por crimes comuns.

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