Arcabouço fiscal: governo divulga proposta completa

O governo federal divulgou nesta terça-feira (18) a proposta completa para o novo arcabouço fiscal, que irÑ substituir o teto de gastos. O texto atualizado elenca uma série de regras e mecanismos para garantir o equilíbrio das contas públicas e permitir mais investimentos em Ñreas prioritÑrias.

O que é o arcabouço fiscal?

A proposta de arcabouço fiscal corresponde a um conjunto de normas que visam evitar o descontrole das contas públicas, o que pode provocar inflação e afetar o crescimento. Atualmente, esse papel é feito pelo teto de gastos (entre outros mecanismos), em vigor desde 2016.

O teto de gastos limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior. No entanto, o governo Lula argumenta que essa regra é muito rígida e impede a realização de investimentos públicos necessÑrios para a retomada da economia e para a melhoria dos serviços públicos.

Por isso, o governo propáe substituir o teto de gastos por um novo arcabouço fiscal, que teria como princípio bÑsico que a variação da despesa seja sempre menor do que a variação da receita. Para isso, estabelece que o crescimento anual da despesa seja limitado a 70% da variação da receita verificada dos últimos 12 meses (até julho).

AlΓ©m disso, a proposta prevΓͺ um segundo limite de aumento de despesa, que seria um valor entre 0,6% e 2,5% na comparação com o ano anterior. Esse valor seria definido anualmente pelo Conselho MonetΓ‘rio Nacional (CMN), levando em conta fatores como a dΓ­vida pΓΊblica, a inflação e o crescimento econΓ΄mico.

A proposta tambΓ©m estabelece um piso para os investimentos pΓΊblicos, que seria equivalente a 1% da receita corrente lΓ­quida do ano anterior. Esse piso seria corrigido pela inflação e valeria para os trΓͺs poderes (Executivo, Legislativo e JudiciΓ‘rio).

Quais sΓ£o os benefΓ­cios esperados?

O governo espera que o novo arcabouço fiscal traga benefícios tanto para as contas públicas quanto para a economia. Entre eles, estão:

- Garantir o equilíbrio fiscal no médio e longo prazo, com a meta de zerar o déficit primÑrio em 2024 e alcançar superÑvit a partir de 2025;
- Reduzir a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), que chegou a 89% em 2022;
- Permitir mais flexibilidade para o governo realizar gastos em Ñreas prioritÑrias, como saúde, educação e segurança;
- Ampliar os investimentos pΓΊblicos em infraestrutura, ciΓͺncia e tecnologia e desenvolvimento social;
- Impulsionar o crescimento econômico e a geração de empregos.

Quais sΓ£o os desafios e as crΓ­ticas?

A proposta do governo enfrenta desafios e crΓ­ticas tanto no Congresso Nacional quanto no mercado financeiro. Entre eles, estΓ£o:

- A necessidade de aprovação de uma emenda constitucional para alterar as regras fiscais vigentes;
- A resistΓͺncia de parte dos parlamentares, que defendem a manutenção do teto de gastos ou uma transição mais gradual para o novo arcabouΓ§o fiscal;
- A desconfiança de parte dos agentes econômicos, que temem que o governo relaxe demais o controle dos gastos e comprometa a sustentabilidade da dívida pública;
- A dependΓͺncia da arrecadação tributΓ‘ria, que pode ser afetada por fatores externos ou internos, como crises sanitΓ‘rias ou polΓ­ticas.

Como serΓ‘ o andamento da proposta?

A proposta do governo foi enviada ao congresso.

Quando começa a valer?

O novo arcabouço fiscal passa a valer assim que for aprovado pelo Congresso Nacional, como um projeto de lei complementar. Propostas desse tipo precisam de maioria absoluta de votos favorÑveis, de 257 votos na CÒmara dos Deputados e 41 votos no Senado.

A medida precisa, portanto, de menos votos do que foi necessÑrio para aprovar o teto de gastos, que era uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Para ir à promulgação pelo Congresso, uma PEC precisa ser aprovada em dois turnos, na CÒmara e no Senado, com apoio de, no mínimo, 308 deputados e 49 senadores.

A “anulação” do efeito constitucional do teto de gastos jΓ‘ foi tratada pela PEC da Transição, aprovada enquanto o governo Lula ainda era formado. O texto dava prazo atΓ© o fim de agosto para que fosse enviado ao Congresso um novo regime fiscal em substituição ao teto de gastos, mas nΓ£o hΓ‘ um prazo exato para aprovação.

Mas o ministro de Relaçáes Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira que a proposta deve chegar ao Congresso Nacional jΓ‘ na prΓ³xima semana, antes do feriado. 

O Planalto trabalha para que o orΓ§amento de 2024 jΓ‘ seja construΓ­do com base no novo arcabouΓ§o fiscal, jΓ‘ que ele prevΓͺ metas de crescimento da economia e de controle dos gastos jΓ‘ para o prΓ³ximo ano. 

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