O que é o arcabouço fiscal?
A proposta de arcabouço fiscal corresponde a um conjunto de normas que visam evitar o descontrole das contas públicas, o que pode provocar inflação e afetar o crescimento. Atualmente, esse papel é feito pelo teto de gastos (entre outros mecanismos), em vigor desde 2016.
O teto de gastos limita o crescimento das despesas do governo Γ inflação do ano anterior. No entanto, o governo Lula argumenta que essa regra Γ© muito rΓgida e impede a realização de investimentos pΓΊblicos necessΓ‘rios para a retomada da economia e para a melhoria dos serviΓ§os pΓΊblicos.
Por isso, o governo propΓ΅e substituir o teto de gastos por um novo arcabouΓ§o fiscal, que teria como princΓpio bΓ‘sico que a variação da despesa seja sempre menor do que a variação da receita. Para isso, estabelece que o crescimento anual da despesa seja limitado a 70% da variação da receita verificada dos ΓΊltimos 12 meses (atΓ© julho).
AlΓ©m disso, a proposta prevΓͺ um segundo limite de aumento de despesa, que seria um valor entre 0,6% e 2,5% na comparação com o ano anterior. Esse valor seria definido anualmente pelo Conselho MonetΓ‘rio Nacional (CMN), levando em conta fatores como a dΓvida pΓΊblica, a inflação e o crescimento econΓ΄mico.
A proposta tambΓ©m estabelece um piso para os investimentos pΓΊblicos, que seria equivalente a 1% da receita corrente lΓquida do ano anterior. Esse piso seria corrigido pela inflação e valeria para os trΓͺs poderes (Executivo, Legislativo e JudiciΓ‘rio).
Quais sΓ£o os benefΓcios esperados?
O governo espera que o novo arcabouΓ§o fiscal traga benefΓcios tanto para as contas pΓΊblicas quanto para a economia. Entre eles, estΓ£o:
- Garantir o equilΓbrio fiscal no mΓ©dio e longo prazo, com a meta de zerar o dΓ©ficit primΓ‘rio em 2024 e alcanΓ§ar superΓ‘vit a partir de 2025;
- Reduzir a relação entre a dΓvida pΓΊblica e o Produto Interno Bruto (PIB), que chegou a 89% em 2022;
- Permitir mais flexibilidade para o governo realizar gastos em Ñreas prioritÑrias, como saúde, educação e segurança;
- Ampliar os investimentos pΓΊblicos em infraestrutura, ciΓͺncia e tecnologia e desenvolvimento social;
- Impulsionar o crescimento econômico e a geração de empregos.
Quais sΓ£o os desafios e as crΓticas?
A proposta do governo enfrenta desafios e crΓticas tanto no Congresso Nacional quanto no mercado financeiro. Entre eles, estΓ£o:
- A necessidade de aprovação de uma emenda constitucional para alterar as regras fiscais vigentes;
- A resistΓͺncia de parte dos parlamentares, que defendem a manutenção do teto de gastos ou uma transição mais gradual para o novo arcabouΓ§o fiscal;
- A desconfianΓ§a de parte dos agentes econΓ΄micos, que temem que o governo relaxe demais o controle dos gastos e comprometa a sustentabilidade da dΓvida pΓΊblica;
- A dependΓͺncia da arrecadação tributΓ‘ria, que pode ser afetada por fatores externos ou internos, como crises sanitΓ‘rias ou polΓticas.
Como serΓ‘ o andamento da proposta?
A proposta do governo foi enviada ao congresso.
Quando começa a valer?
O novo arcabouço fiscal passa a valer assim que for aprovado pelo Congresso Nacional, como um projeto de lei complementar. Propostas desse tipo precisam de maioria absoluta de votos favorÑveis, de 257 votos na CÒmara dos Deputados e 41 votos no Senado.
A medida precisa, portanto, de menos votos do que foi necessΓ‘rio para aprovar o teto de gastos, que era uma Proposta de Emenda Γ Constituição (PEC). Para ir Γ promulgação pelo Congresso, uma PEC precisa ser aprovada em dois turnos, na CΓ’mara e no Senado, com apoio de, no mΓnimo, 308 deputados e 49 senadores.
A “anulação” do efeito constitucional do teto de gastos jΓ‘ foi tratada pela PEC da Transição, aprovada enquanto o governo Lula ainda era formado. O texto dava prazo atΓ© o fim de agosto para que fosse enviado ao Congresso um novo regime fiscal em substituição ao teto de gastos, mas nΓ£o hΓ‘ um prazo exato para aprovação.
Mas o ministro de Relaçáes Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira que a proposta deve chegar ao Congresso Nacional jÑ na próxima semana, antes do feriado.
O Planalto trabalha para que o orΓ§amento de 2024 jΓ‘ seja construΓdo com
base no novo arcabouΓ§o fiscal, jΓ‘ que ele prevΓͺ metas de crescimento da
economia e de controle dos gastos jΓ‘ para o prΓ³ximo ano.
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