O que estΓ‘ acontecendo na NicarΓ‘gua e por que isso importa para o MΓ©xico?

foto da internet

 A NicarΓ‘gua Γ© um paΓ­s da AmΓ©rica Central que vive uma grave crise polΓ­tica e social desde 2018, quando o governo de Daniel Ortega reprimiu violentamente os protestos populares contra as reformas da previdΓͺncia e outras medidas autoritΓ‘rias. Desde entΓ£o, Ortega, que estΓ‘ no poder desde 2007 e foi reeleito em 2016 com mais de 70% dos votos, tem intensificado a perseguição aos seus opositores, jornalistas, ativistas e organizaçáes da sociedade civil.

Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), mais de 300 pessoas foram mortas, cerca de 2 mil ficaram feridas e mais de 100 mil tiveram que fugir do país por causa da repressão. Além disso, Ortega tem controlado o poder judiciÑrio, o legislativo, o eleitoral e os meios de comunicação, violando a separação de poderes e a liberdade de expressão.

Em novembro deste ano, a NicarΓ‘gua terΓ‘ eleiçáes presidenciais, mas o cenΓ‘rio Γ© de falta de garantias democrΓ‘ticas e transparΓͺncia. Ortega, que busca seu quarto mandato consecutivo, tem eliminado qualquer possibilidade de competição, ao prender ou inabilitar mais de 30 lΓ­deres da oposição, incluindo sete candidatos presidenciais. Entre os detidos estΓ£o figuras histΓ³ricas da revolução sandinista, como Dora MarΓ­a TΓ©llez e Hugo Torres, que se tornaram crΓ­ticos do governo.

Ortega também tem atacado a Igreja Católica, que tentou mediar o diÑlogo entre o governo e a oposição em 2018, mas foi acusada de apoiar um suposto golpe de Estado. Em julho deste ano, o regime fechou duas rÑdios católicas e impediu a realização de procissáes religiosas. Além disso, Ortega tem acusado os Estados Unidos e a União Europeia de interferirem nos assuntos internos da NicarÑgua e de financiarem grupos terroristas para desestabilizar o país.

Diante dessa situação, a comunidade internacional tem condenado as violaçáes aos direitos humanos e à democracia na NicarÑgua e imposto sançáes econômicas e diplomÑticas ao regime. O México, no entanto, tem adotado uma postura diferente, baseada no princípio da não intervenção e no respeito à autodeterminação dos povos. O governo de Andrés Manuel López Obrador (AMLO) tem evitado criticar Ortega e se abstido de votar nas resoluçáes da Organização dos Estados Americanos (OEA) que pedem a restauração da ordem constitucional na NicarÑgua.

Essa posição tem gerado polΓͺmica e questionamentos sobre a coerΓͺncia da polΓ­tica externa mexicana, que se diz defensora dos direitos humanos e da democracia na regiΓ£o. Alguns analistas argumentam que o MΓ©xico tem uma afinidade ideolΓ³gica com Ortega, que faz parte da chamada "onda rosa" de governos progressistas na AmΓ©rica Latina. Outros sugerem que o MΓ©xico tem interesses econΓ΄micos na NicarΓ‘gua, especialmente no projeto do canal interoceΓ’nico que pretende rivalizar com o canal do PanamΓ‘.

O fato Γ© que a crise na NicarΓ‘gua afeta diretamente o MΓ©xico, nΓ£o sΓ³ pela proximidade geogrΓ‘fica e histΓ³rica entre os dois paΓ­ses, mas tambΓ©m pela questΓ£o migratΓ³ria. Muitos nicaraguenses tΓͺm buscado refΓΊgio no MΓ©xico ou usado o paΓ­s como rota para chegar aos Estados Unidos ou ao CanadΓ‘. Em maio deste ano, por exemplo, as autoridades mexicanas prenderam uma ex-cΓ΄nsul da NicarΓ‘gua sem visto regular de permanΓͺncia transportando trΓͺs cubanos em situação irregular no estado de Oaxaca.

Por isso, é importante que o México tenha uma posição clara e firme sobre o que estÑ acontecendo na NicarÑgua e contribua para uma solução pacífica e negociada do conflito. O México não pode se omitir di


Postar um comentΓ‘rio

0 ComentΓ‘rios